anônimo
504
26/12/2020 02h49
Eu entrei no site achando que era mais para fazer perguntas sobre sexualidade, e notei que era um site sobre relacionamentos e curiosidades também. Achei interessante e resolvi manter minha conta. Eu sentia que poderia contribuir com pessoas perdidas sobre o modo de se relacionar com outras pessoas ou que idealizavam coisas sobre as quais não tinham experiência. Minha premissa original era só passar o tempo. A quarentena é simplesmente tediosa
Desde anteontem, porém, eu passei a sentir coisas ruins ao abrir o site. Ver as pessoas esmagando não apenas a opinião, mas também a identidade alheia baseando-se na religião me entristece bastante. Creio que a máxima de todas as fés é fazer o bem sem olhar a quem. Selecionar aqueles que merecem ser tratados bem me soa completamente contrário a qualquer religião, mas mesmo assim algumas pessoas usam a fé para justificar comportamentos cruéis e punitivos, achando-se dignas de escolher elas próprias quem são aqueles que merecem amor e quem não merece.
Sei que parece fácil falar essas coisas. “Vá abraçar e amar o assassino da sua filha!” “Vá passar a mão na cabeça de estuprador”. É mais fácil falar do que fazer, mas é sobre isso que todas as religiões falam. Jesus disse “Ofereça a outra face”. Isso quer dizer tratar o transgressor –mesmo aquele que você considera mais desprezível – com a dignidade que uma pessoa merece. Isso é muito difícil. É difícil oferecer amor a quem traz dor. Isso não significa deixar um crime impune, mas – se for necessário punir – a pena não pode ser dada com prazer, com vingança, e sim pelo cumprimento do dever, para evitar que outros façam o mesmo
Há uma fábula japonesa que fala sobre isso. O mestre recebeu um relatório de seus discípulos sobre um deles que roubava pessoas. Eles pediram a expulsão do ladrão, e o mestre lhes respondeu: "Ele precisa mais de mim do que vocês precisam"
Talvez seja exigir demais, mas a fé não é justamente sobre se inspirar em exemplos incríveis para ser uma pessoa melhor?