anônimo
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25/09/2020 10h06
Para além da crítica à galera que fica com gratidão pra lá e pra cá mas não dá nem bom dia, ou que é tão irresponsável que atrapalha os corres dos outros (inclua aqui irresponsabilidade afetiva), quero trazer uma reflexão.
Estamos no setembro amarelo e a prevenção ao suicídio parece um tema do interesse de todos. Mas principalmente quando se trata da galera good vibes, gratidão, gratiluz, a hipocrisia grita.
A gente vive num país extremamente desigual, estamos expostos a violências o tempo todo, conosco, com os outros, com a natureza, em toda a estrutura da sociedade. O sentimento de impotência é cada vez mais frequente nas nossas vidas. Pessoas com o mínimo de sensibilidade têm se sentido cada vez mais perdidas.
Essa de estar o tempo todo grato quando se é preto e/ou pobre, e/ou mulher, e/ou simplesmente uma pessoa politizada o suficiente pra perceber que o país está cada vez mais no fundo do poço, é uma tarefa impossível.
Na maioria das vezes a galera good vibes gratidão é a primeira a dar às costas ao amigo que está mal, alegando que ele tem uma "energia ruim". Às vezes a "energia ruim" é DEPRESSÃO. Cadê a importância do setembro amarelo nessas horas?
Esse movimento good vibes alienado por opção e muitas vezes insensível à realidade alheia, nada mais é do que lixo tóxico na nossa sociedade.
Seja grato aos seus amigos, seja grato ao que tem, é, ou se tornou, mas pare de tentar enfiar goela dos outros abaixo que é preciso estar grato até quando se está fudido.
Sentimentos ruins são nada mais que HUMANOS, e tentar abafá-los só piora a nossa saúde mental. Ninguém é feliz o tempo todo.