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anônimo
anônimo
168  27/11/2020 02h30

*peguem leve*

Noite passada veio ao meu encontro uma pessoa cujo o nome esqueci-me, e embora no momento em que me cobria de elogios e recordava tempos que, presumia eu, nós dois havíamos compartilhado, esforçava-me para buscar em minhas mornas memorias de juventude um nome que se enquadrava nesse sujeito de igual qualidade... sim morno, atenta-te a isto caro leitor, Insisto que essa possível impressão gerada em você não se desvaneça ao longo da narrativa, considere esta preferência como uma cortesia de um homem que tem muito a oferecer numa obra franca, mas ainda densa, que repele pedanterias, vícios de linguagem... basta, voltemos a figura que me retirara o folego da alma e decidira aquilo para o que eu nem daria um tostão, se é que estas cousas lhe interessam.
No momento aborrecia-me, o cheiro dos charutos em meu bolso se definia mais no ar a cada suscitação aguda do homem, eu, nem fazia questão de balançar-me um tendão sequer, não culpo-me até hoje, culpo os momentos rígidos dos dias singulares. Mas tarde entenderas o que o digo, virá como um estalo, sou um homem de cortesias. O charuto já acendia.
Após despedir-me dele. Judas, sim, lembro-me bem, o primeiro nome não interessa.
Caminhei pela esquina, onde o sol dava os primeiros sinais de sua presença, a neblina da rua estreita se desfazia, meu estado de respiração se estabilizava, a fumaça que expelia quase não me deixava ver aquela placa da padaria, “trigo do vale”. A tensão entre o passado, presente e futuro nunca me foram tão estranhas no momento em que lembrei de um outro nome que Judas havia intricado no meu espirito: Esmeralda.
Lembre-se, leitor, que minha juventude não se resumia a um mero involucro de moralidade, Agostinho levantara-se só depois dos trinta, eu sempre me sentia seguro a lembrar disso, mas não me sentia diferente de Louis também.

Nota de rodapé: Louis, personagem de Le Noeud de Vipères (o nó das víboras), advogado que escreveu cartas a sua família visando uma vingança póstuma.

(obs, pequem leve, eu tinha 16-17)

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eles perguntam
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elas respondem
anônima
anônima
27/11/2020 02h16
Tu leva jeito, continue. E se um dia publicar um livro, me mande uma cópia autografada.
anônima
anônima
27/11/2020 02h23
não me lembrou exatamente nenhum escritor que eu tenha lido
anônima
anônima
27/11/2020 02h12
Machadão nunca me deu sono. O que não significa que o texto esteja ruim. Você até que leva jeito.
27/11/2020 02h15
Eu gostei do esforço.
eles respondem
anônimo
anônimo
27/11/2020 02h06
Exercício de imitação dos grandes escritores?
anônimo
anônimo
27/11/2020 02h30
Gostei demais
27/11/2020 01h55
Eu não achei a fonte, pode me passar?
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