Apenas um lixo ambulante, indo de um lado ao outro, sem qualquer propósito. Passa dia, passa noite, levanta, troca a roupa, vai ao trabalho, retorna. Joga-se na cama, dorme um pouco, logo acorda. Sente o corpo cansado, sem vida, mas se movimenta no automático. Um lixo vivo, mas morto, apenas se alimentando do próprio fracasso.
Gosta de se punir e, por isso, continua. Xinga o espelho, maltrata o próprio corpo, arranca cabelos. Não se ama e, por isso, não se cuida. Deixa a sujeira tomar conta de si, como é comum dos lixos que andam por aí.
Passo para frente, outro para trás. Como um robô de mau funcionamento, acostuma-se aos gritos e aos xingamentos. Lamenta, perde uma, duas, milhares de outras chances. Frustra as expectativas depositadas, recebe mais desaforos de forma subordinada. Acostuma-se a ser submisso, aceita qualquer empecilho. Sabe que está abaixo, muito depois do resto. É, afinal, o resto de todos os restos.
Do quê, já não sabe. Se é que já foi, ou chegou perto de ser. Não sabe, mas lamenta não ter sido, mesmo sem saber o quê. Deveria ser bom, melhor, ah, sim, muito melhor.
Tempos que não vivi, mas de que sinto saudades. MEU DEUS, COMO A VIDA É DIFÍCIL.
Um lixo, é um lixo.
.....................................fim?