Anestesia precisa do cirurgião e, se tira 1 mês de férias, "perde o cirurgião". Não tem tanta autonomia. Eu passei 2 anos na anestesia, no fim do curso eu anestesiava sozinho, na urgência, pra cirurgia geral e pra ortopedia, enquanto os staffs ficavam com a vascular, neuro e obstetrícia. Nesses dois anos, as únicas complicações anestésicas que vi foram intubação esofágica e falha de bloqueio. Nunca vi hipertermia maligna, laringoespasmo, anafilaxia e acidentes de punção graves (em gasometria ou venosa central).
As doses, diferentes do que você pensa, não são tão estritas, no geral. Tem-se algumas exceções: precedex, ketamina, clonidina, drogas vasoativas e alguns bloqueadores neuromusculares.
No meu estado, RJ, anestesista é profissional liberal e pode cobrar particular, mas grande parte do país se divide em grupos que cobram uma fortuna a entrada e dominam a cidade: vc paga de 200 a 500 mil pra se cooperar, pega os piores plantões e não tem chance de escolha durante uma boa parte da sua carreira. É isso ou se submeter a planos que não vão te repassar 20% do que sua anestesia realmente vale, dos códigos da tabela de procedimentos.
Mas, no geral, anestesista não precisa lidar com o paciente e, por isso, não tem encheção de saco diária. O seu trabalho começa e termina em centro cirúrgico ou em sala de procedimentos (tipo sedar pra colonoscopia, biópsia de próstata ou sedar criança pra fazer ressonância)
De obstetrícia não sei falar. O pouco que sei falar se refere a encheção de saco de pacientes e, sobretudo, a quantidade de processos que a especialidade leva. Você pode fazer tudo certo, dar o seu melhor, mas NINGUÉM aceita a morte de uma criança ou de uma puérpera.