É engraçado como as pessoas usam termos e fazem coisas sem ao menos se interessar pela origem, pelas raízes da causa.
A palavra "comer" é derivada do latim de "cópula", que significa relação sexual. Por isso a confusão entre os termos. A expressão em si não tem relação com a penetração efetivamente, mas sim ao ato.
Pq quem faz a parte ativa(penetrar),é o homem.
Se ela estiver cavalgando,ai podemos dizer que ela esta "comendo" ele,já que quem ta fazendo a parte ativa seria ela.
Isso ocorre devido a uma questão cultural advinda de um machismo atrasado, o qual acabou por deturpar vários conceitos ao longo do tempo, inclusive nessa área das relações sexuais; se formos analisar a coisa mais friamente, quem de fato detém poder nessa área são as mulheres (embora aparentemente não seja assim), sobretudo aquelas que possuam maior vigor físico e/ou dominem certas técnicas de persuasão ou controle.
O fato é que as comidas se associam à sexualidade, de tal modo que o ato
sexual pode ser traduzido como um ato do “comer”, abarcar, englobar, ingerir ou circunscrever
totalmente aquilo que é (ou foi) comido. A comida, como a mulher (ou o homem, em certas
situações), desaparece dentro do comedor – ou do comilão. Essa é a base da metáfora para o
sexo, indicando que o comido é totalmente abraçado pelo comedor. A relação sexual e o ato de
comer, portanto, aproximam-se num sentido tal que indica de que modo nós, brasileiros,
concebemos a sexualidade e a vemos, não como um encontro de opostos e iguais (o homem e a
mulher que seriam indivíduos donos de si mesmos), mas como um modo de resolver essa
igualdade pela absorção, simbolicamente consentida em termos sociais, de um pelo outro.
Assim, a relação sexual, na concepção brasileira, coloca a diferença e a radical heterogeneidade,
para logo em seguida hierarquiza-las no englobamento de um comedor e um comido. E não se
pode deixar de observar, para quem estiver lendo estas linhas um tanto desavisado, que o
englobador tanto pode ser um homem (esse seria o modelo ideal, a formulação tradicional) como
também uma mulher (se for ela quem atua buscando e querendo a relação, exercendo com isso
um papel ativo). Assim, pode-se dizer que, nas suas relações com as virgens e esposas – ou
mulheres que assim se definem socialmente –, os homens é que são os comedores, mas nas suas
relações com as mulheres do mundo e da vida – ou com aquelas que se definem como
independentes e individualizadamente –, eles são comidos. O resultado é algo que reproduz, em
outro nível e outro plano, a dialética da casa e da rua, deste mundo e do outro, da lei e da pessoa,
do malandro e do caxias, da ordem rígida e do “jeitinho” que tudo resolve.+