[Eu adoraria que meu pai não tivesse participado da minha vida. As vezes a presença de um pai é mais maléfica que benéfica.]
Mas respondendo sua pergunta, e falo como uma leiga que só observa o que há ao redor (portanto, minha opinião é bem parcial), acredito que uma ausência paterna faz a criança querer se espelhar na imagem da primeira figura masculina que encontra, ou, ao menos, na figura masculina que mais está presente na vida dela, que pode ser um irmão, um tio, um avô, um professor, um personagem fictício de uma novela/filme/série, uma figura pública. Ou ela pode idealizar essa figura paterna na imaginação.
Essa ausência pode representar uma lacuna na formação de caráter da pessoa, deixando a criança mais carente, posteriormente se submetendo à relações e situações pouco saudáveis, como co-dependência emocional em relação à alguém ou de algum outro subterfúgio (drogas, sexo, compulsões - a série "Euphoria" ilustra isso muito bem), ou com a ideia de que não precisa de homem nenhum pra fazer nada, pessoas que acham que podem levar o mundo nas costas. Tudo por conta do trauma. Mas claro que depende também do quanto a mãe e o restante da família conseguem suprir ou atenuar esses danos, a questão do apoio. Existem famílias que pioram ou melhoram o ambiente e podem deixar a criança mais ou menos acolhida, por isso pode ser uma questão bem relativa. Mas é claro que uma ausência sempre será sentida. Imagina a criança no dia dos pais e todas as outras perguntando: "cadê seu pai?", "ah, meu pai é a melhor pessoa do mundo", "o seu trabalha com o quê?". Esse tipo de situação pode ser bem marcante na infância.
Em termos mais básicos, desde os primeiros meses o pai tem papel fundamental no desenvolvimento da criança psicoafetivo, neurológico e psicosocial.
Como balizador, o pai exerce a função básica de demarcação territorial, limites e traz a quebra do vínculo semi-simbiótico que a mãe e o filho estabelece devido ao processo psicobiológico gestacional.
O pai, como o macho da maioria das espécies, começa a situar a criança dos limites, pois ele é o "demarcador territorial", estabelece de forma gradual a quebra dessa dependência psicoemocional semi-simbiótica e possibilita ao filho aprender a usar a agressividade que o impulsiona estabelecer-se, a busca pelas realizações iniciando pelo próprio instinto de busca pela sobrevivência, e assim consequentemente a autoconfiança é desenvolvida possibilitando criar uma autoestima. "(...)A função paterna é complementar à materna, e tem papel estruturante na formação do ego dos filhos e na inserção destes na sociedade, onde eles poderão desenvolver sua agressividade, sua autoestima e sua capacidade de explorar o ambiente.(...)"
Essas condições básicas, são importantes para que a criança não desenvolva medos em relacionar-se com os outros, o afastamento que o pai traz entre o filho e mãe ajuda a evitar uma dependência emocional que pode permarcer até a fase adulta, refletindo em como aquela pessoa irá se posicionar nas relações, co-dependente, inseguro etc.
O pai exerce uma função de sobrevivência antes de tocar ao aspecto material e sua ausência mesmo que oferecendo apenas uma mera presença física figurativa, traz um desequilíbrio um tanto quanto caótico.
Portanto, pai precisa ser presente muito além do financeiro.
"Uma figura paterna presente é decisiva para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de uma criança, e uma boa interação com a função paterna gerará no filho uma melhor autoestima e uma estrutura psicológica mais forte para tomar decisões como a escolha da profissão, por exemplo.
Não tive pai e nem mãe....
Meu pai morreu e a minha mãe me entregou em abrigo (orfanato)... Ou seja dos meus 3 anos de idade até aos 18 vivi em um abrigo., Sim ninguém da família foi atrás de mim.
Hj tenho 27 anos tenho o psicológico abalado, tomo muitos remédios.. mas é aquele história viver um dia de cada vez.
É bem estranho fazer essa pergunta com essa foto de perfil kkk
Nunca tive muito contato com meu pai mas não faz nem diferença e se fez ainda não percebi ainda kk
Acredito que interfere por conta da humanidade, é a formação do indivíduo, não entende o que está acontecendo e vê os colegas com pai e mãe presente.
Pode ter aquela questão emocional e afetiva. Ao passar dos anos quando se assimila as coisas, passa a entender que ter só um pai não significa ser amado.
Daddy Issues. Ambos sofrem com isso, mas meninas acabam sofrendo mais, pois não tem um exemplo de homem que deve procurar, essas são extremamente carentes e tem medo de abandono. Se apegam a caras que não as valorizam e geralmente buscam o pai no parceiro.
Complexo de falar sobre. Não tenho experiência prática no assunto, apenas teórica.
Existem muitas formas de ausência para uma criança. É comum a gente pensar na ideia do pai que nunca nem sequer apareceu, mas existem também os "pais" que assinam a identidade mas não se portam como pais. Essa segunda, em alguns casos, pode ser ainda mais cruel, porque a criança além de estar abandonada, consegue acompanhar a outra pessoa ali, priorizando uma vida sem ela. Às vezes, com uma outra família, vivendo como se ela não existisse. Existem os pais dependentes químicos, que nunca estão de fato ali - esses, eu já vi casos de perto, e os filhos quase sempre se acabam vivendo aquilo. E, existem os que nunca aparecem, e que te fazem questionar metade do seu código genético todos os dias.
O quê tudo isso pode gerar? Tantas coisas. Medo de confiar em terceiros, ou, o inverso: depósito de confiança no primeiro homem que aparecer. Espelhamento de um pai em futuros parceiros de relação. Recusa em estar em relações, porque "sente que sempre será abandonada como foi pelo pai", mágoa e culpa, raiva, busca por validação em outros homens, vícios. Enfim, dá pra se ter muita coisa.
Tem um episódio que eu gosto muito, e que mostra a visceralidade da ausência paterna. (Já perdi as contas de quanto eu assisti isso):