Não necessariamente. Mas a mídia, a internet, etc. estão fazendo o possível pra implantar uma cultura de segregação voluntária da população por qualquer mínimo desacordo e "diferença".
O animal social tem o instinto de acolher o próximo e de afastar o diferente, mas o que é considerado uma diferença digna de estranhamento que é o problema. Todo mundo concorda que não é agradável conviver em um ambiente com cobras, escorpiões, animais peçonhentos ou predadores e essa é a base desse instinto, pois apesar de o diferente ser uma ameaça, quem tem o mesmo interesse que você pode ser um parceiro.
Seja você, por exemplo, pró-Lula ou pró-Bolsonaro, você quer o bem do país. O problema é que o conjunto de informações que você tem na cabeça te levam a conclusão que um é melhor que o outro pra isso. Mas se vocês dois têm o mesmo objetivo, por que segregar o outro? É o que chamam de "futebolização" da política. No futebol sim, o objetivo de um corinthiano é provar que o Corinthians é o melhor, e não tem objetivo maior que esse. Na política, se você é pró-Lula, seu maior objetivo deve ser colocar o Lula porque (na sua cabeça) ele é o melhor para o país, e não simplesmente provar que ele é o melhor indiscriminadamente. E dentro de um estádio faz sentido separar o corinthiano de um palmeirense, mas fora dele eles podem até mesmo formar um casal.
A intolerância de hoje é um câncer para a sociedade, porque uma sociedade desunida é uma sociedade em que ninguém tem forças o suficiente pra lutar por alguma causa que exija mais do que um indivíduo. Se dois vizinhos, um lulista e um bolsonarista concordam que a rua na frente da sua casa deve ser asfaltada mas eles não se toleram por uma opinião divergente em um assunto que nada tem a ver com a sua vizinhança, eles nunca vão conseguir unir as forças em prol desse desejo.