anônima
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06/03/2023 21h13
Minha tia que já é merecidamente aposentada, trabalhou a vida inteira como empregada doméstica, com essa profissão conseguiu dar uma vida melhor para as minhas primas e formá-las. Mas ela conta histórias pelas quais ela passou que me dão vontade de chorar, e difíceis de acreditar que foram reais (e infelizmente foram).
No final dos anos 90 ao início dos anos 2000 ela trabalhou em uma casa de um casal com muito dinheiro que tinha 3 filhos, na época em que empregada doméstica morando no serviço ainda era realidade pra classe média e alta brasileira. E esse casal, pra ter pessoas trabalhando em dois turnos, tinham 2 empregadas. Só que o quarto de empregada era um só, aqueles minúsculos de menos de 4metros quadrados. E então nesse cubículo tinha um beliche para as duas poderem compartilhar lá, e o banheiro que o chuveiro era em cima do vaso (na dependência de empregadas, e o resto da casa enorme).
E pra piorar, como ainda ocorre com algumas empregadas, primeiro a família inteira almoçava, e depois que saiam da mesa, que as empregadas podiam almoçar. Só que antes disso, a família tinha um cachorro que comia da comida caseira, e a patroa pegava a vasilha de ração e uma balança e pesava a comida para o cachorro comer sempre a quantidade que o veterinário mandava. E só depois de tirarem a porção do cachorro, que era sempre a mesma, independente da quantidade de comida que restaria depois, e só depois disso as empregadas comiam (ela diz que não faltava pois havia fartura, mas não deixa de ser humilhante)
E pra finalizar as atitudes desses patrões abusivos, no final de cada semana a patroa pedia em tom de “brincadeira” para o marido e os filhos darem uma nota para os serviços de cada empregada, e no final do mês a que tivesse a média maior das notas ganhava um bônus (mixaria) a mais no salário, criando competitividade entre as duas.
Desculpem pelo textão, mas eu precisava desabafar a raiva que sinto desse absurdo pelos quais a minha tia passou para conseguir sobreviver.