Meu bisavô, de baixa instrução, gastava os dias na árdua colheita de café ao lado pai dele. Em vez de pecúnia, sua retribuição era em alqueires de arroz. Tal cenário acontecia no interior do Maranhão, há décadas. À tenra idade de 18 anos, viu-se pai pela primeira vez, e aos 20, na segunda vez, gerando meu avô. Posteriormente, mais 6 descendentes, totalizando 8. Ao atingir os 21 anos, meu avô, àquela altura, teve de deplorar a morte de meu bisavô, vitimado por uma cobra em Codó, MA.
Contemplando tal desventura, minha bisavó mandou os 3 mais velhos para garimpar no Pará. Enquanto as 5 mais jovens permaneciam naquele torrão, ocupando-se com a quebra do babaçu e de artesanato. No Pará, meu avô travou conhecimento com um devoto católico, o Frade Dionísio, que lhe legou uma bíblia. Foi na igreja próxima ao garimpo que meu avô, incentivado pelas vicissitudes, se instruiu nas letras. Aquela edificação fora erigida dado o elevado número de garimpeiros ceifados por infortúnios, seja por insetos, seja por desastres. Meu avô aprimorou a leitura para desvendar os escritos bíblicos. Ao retornar ao lar, munido de parcos recursos amealhados, decidiu-se por almejar melhores horizontes. Rumou à Teresina, onde logrou obter emprego estável como vigia.
Lá, conheceu minha avó, hábil costureira. Dali, nasceram proles, entre elas minha mãe. Desde tenra idade, minha mãe foi integrada a uma instituição educacional, fruto da percepção de meu avô de que a instrução transforma destinos. Mãe concluiu o ensino médio e, num curto tempo, êxito alcançou em concurso na prefeitura de Teresina. 5 anos transcorridos, ascendeu ao cargo de professora, coincidindo com o período em que cruzou caminhos com meu pai, também docente concursado. Meu pai, desiludido com a carreira docente, erigiu uma barbearia, colhendo ativos financeiros. Enquanto isso, minha mãe, após graduar-se na universidade aos 40 anos, obteve êxito em concurso para um tribunal de contas.
Hoje, sou playboy.