Ficaria triste, porque não teria mais essa fonte de distração e perceberia que durante a primeira metade de vida, uma incessante busca pela alegria permeia os dias, enquanto na segunda metade, um sentimento de temor aflige os corações, pois se percebe, com maior ou menor clareza, que toda a felicidade é mera ilusão, e apenas o sofrimento é real. Assim, os sensatos não almejam tanto os prazeres, mas sim uma ausência de desgostos, um estado de invulnerabilidade. Na juventude, o tilintar de uma campainha à porta era motivo de alegria, pois se pensava: "Ah, algo acontece." Porém, com a maturidade, esse mesmo som desperta um algo próximo do medo; interiormente, questiona-se: "O que está por vir?" Na escuridão do ocaso da vida, as paixões definham uma a uma, seus objetos perdidos na névoa da indiferença. A sensibilidade desfalece, a imaginação definha, as memórias se esvaem como sombras ao amanhecer. Os dias são fugazes, os eventos são desprovidos de sentido. O homem idoso, carregado pelo peso dos anos, vagueia como um espectro solitário, à beira do abismo do esquecimento. E quando a morte finalmente chega, que resta para ser consumido?