Aquele momento em que você se dá conta do quão inútil é a sua vida...

Sempre tirei boas notas, era comportada e a típica aluna exemplar. Na adolescência, comecei a viver um inferno por causa do bullying desgraçado que eu sofri. Continuei sendo boa aluna, mas isso ferrou com meu psicológico e prejudicou minha vida adulta. Tive ansiedade, depressão e fobia social. Dos 18 até agora (tenho 30), não consegui realizar nada. Não consigo emprego e não tenho profissão.

Tenho consciência dos meus fracassos e tô tentando sair desse buraco, mas tem certas coisas que mexem com minha autoestima de um jeito bobo, do tipo "caramba, se até essa pessoa se deu bem, é porque eu tô muito na m**** mesmo" . Das pessoas que estudaram comigo, há varios que eram considerados "casos perdidos" e que se deram bem na vida. E olha que sempre estudei em escola pública, daquelas bem abandonadas, de periferia mesmo, prédio vandalizado, etc.

Mas hoje me surpreendi ao saber de uma ex-colega. Lembro que na 5ª série, a professora passou um trabalho em grupo e eu não tinha ninguém pra fazer. Naquela época ninguém queria conversar comigo e eu vivia isolada. Como se não bastasse, ainda me deu um sermão na frente de todos e disse que se eu não procurasse um grupo, eu ficaria sem nota. Vários alunos riram de mim na hora. E eu, muito tonta e com medo dos meus pais descobrirem que eu fiquei sem nota por causa disso, fui me humilhar de grupo em grupo. O único que me aceitou foi o das meninas do fundão, sob a condição de fazer todo o trabalho sozinha e por os nomes delas. E foi o que eu fiz. Até hoje ter me sujeitado a isso é um dos maiores arrependimentos da minha vida. Uma dessas meninas era o capeta encarnado, além de aluna mais burra da sala. Pois bem, hoje descobri que a fulana se formou e fez até pós-graduação numa faculdade muito renomada aqui da minha cidade. Não posso negar mas ver esse tipo de coisa me faz sentir um lixo. Não é inveja, mas isso me faz pensar na porcaria que fiz da minha vida, o quanto do meu potencial eu joguei fora. No fim, a burra sempre fui eu.