Antes de ser pai eu era um garoto.
Saia, fazia o que bem entendia, aceitava o que e onde a vida me levava sem pensar nas consequências. Meu dinheiro não tinha a finalidade de sobrevivência, mas sim diversão.
Frequentava lugares insalubres consumia substâncias duvidosas, tudo em nome de uma suposta diversão.
Eis que conheci uma mulher bacana, por ela tive sentimentos e uma vontade de dividir minha vida.
Após algum tempo, pude segurar nos braços um recém nascido, fruto dessa divisão já a amava, ver ali esse amor materializado em outro corpo foi mágico, algo em mim mudou naquele dia, aquela criatura tão frágil e pequena, saber que basta uma inação sua e aquela vida vai embora transforma a nossa própria vida.
Eu bebia muito, fumava como uma caipora, era inconsequente em meus empregos e não bastava muito para eu explodir com quem minimamente me tirasse do sério, quando se tem uma vida dependente de ti, automaticamente a gente pensa primeiro nela. Na gestação nasce um amor difícil de explicar pra quem ainda não o viveu, um amor que não depende de reciprocidade, tu só quer ver ele bem e ponto final.
A gente vê nos filmes as pessoas se jogando em direção a projéteis para salvar a vida de alguém, com um filho é exatamente igual.
Tu não quer um arranhão praquela pessoinha, tu não quer que ela escute um A do mundo, dá uma vontade enorme de manter alguém 100% do tempo no maior conforto possível.
A medida que eles crescem você se pegará pensando, poxa, eu era/sou assim também, também penso desse jeito, eu fazia meus pais se irritarem pelos mesmos motivos que estou irritado agora. Isso ensina valiosas lições sobre paciência, sobre tolerância e faz a gente gostar ainda mais de nós mesmos.
Por ele eu larguei as drogas, cigarros, reduzi muito o consumo de alcool e maconha, por ele larguei a gandaia e mulheres inúteis, por ele eu aprendi a me preservar, por ele aprendi a economizar.
Sem meus filhos, provavelmente eu não estaria aqui.
É um amor que não cabe no peito.
Deve ser uma responsabilidade imensa, para a vida toda. A não ser que o sujeito vá comprar cigarro.
Pelo que vejo e escuto, é uma boa sensação, é o seu filho, né? Uma parte sua que veio ao mundo.
Pode servir como motivação pra seguir em frente e melhorar a situação atual ou a não jogar a toalha nos maus momentos já que alguém depende de você, mas também existe uma série de responsabilidades e preocupações que decorrem disso
Lógico que isso é pra quem pensa, tem irresponsável que faz filho, nem se preocupa e muitas vezes ainda terceiriza a responsabilidade pra outro cuidar
Imagino que seja assim que aconteça em geral, mas no momento não quero descobrir se estou certo