Já experimentei praticamente todas, ou quase todas, as substâncias psicoativas disponíveis no Brasil, nesse espectro que vai do recreativo ao "isso provavelmente não era uma boa ideia" Mas a mais interessante de todas nem merece o rótulo de droga no sentido clandestino: é um sedativo veterinário usado para fazer um cavalo de meia tonelada adormecer com dignidade.
A experiência aconteceu em casa, sozinho, naquela espécie de gesto que depois soa menos como curiosidade e mais como um ensaio sobre autossabotagem. Consegui a substância com um amigo veterinário, "amigo", aqui pedindo aspas reforçadas, porque o fato de ele ter me cobrado, e não simplesmente dado, desencadeou toda uma revisão sobre a natureza comercial das nossa relação.
Preparei tudo com um zelo quase litúrgico: cateter venoso periférico na cubital mediana, soro fisiológico pingando como metrônomo zen, e então alguns miligramas do anestésico entrando devagar, como se eu estivesse encenando uma versão doméstica e mal planejada de um procedimento médico legítimo. E é por isso que não considero isso exatamente "usar droga" : parecia menos vício e mais uma performance de autoconsciência técnica, algo entre a arrogância e a estupidez calculada.
A experiência visual era como os 30 primeiros segundos deste vídeo e a partir dos 3:40