Não conheço um livro apenas nesse tema, mas conheço algumas poesias avulsas.
O vento vinha ventando
Pelas cortinas de tule.
As mãos da menina morta
Estão varadas de luz.
No colo, juntos, refulgem
Coração, âncora e cruz,
Nunca a água foi tão pura...
Quem a teria abençoado?
Nunca o pão de cada dia
Teve um gosto mais sagrado.
E o vento vinha ventando
Pelas cortinas de tule...
Menos um lugar na mesa
Mais um nome na oração.
Da que consigo levara.
Cruz, âncora e coração
(E o vento vinha ventando...)
Daquela de cujas penas
Só os anjos saberão !
Apesar de não conhecer muito sobre o assunto lhe recomendaria Augusto dos Anjos, cuja temática é definida como parnasiana e simbolista. Um dos poemos que mais gosto é esse aqui:
"O poeta do hediondo
Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataque-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!
Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!
Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...
Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos no caminho
A poesia de tudo quando é morto!"
há bastante traição, ódio, violência, absurdo no ser humano
comum para suprir qualquer exército em qualquer dia
e os melhores assassinos são os que pregam contra isto
e os melhores em ódio são os que pregam amor
e os melhores em guerra finalmente são os que pregam a paz
aqueles que pregam deus, precisam de deus
aqueles que pregam a paz, não têm paz
aqueles que pregam amor, não têm amor
cuidado com os pregadores
cuidado com os entendidos
cuidado com aqueles que estão sempre lendo livros
cuidado com aqueles que detestam pobreza ou têm orgulho dela
cuidado com aqueles que são rápidos no elogio
porque precisam de elogios de volta
cuidado com aqueles que são rápidos na censura
eles estão preocupados com o que não sabem
cuidado com aqueles que vivem buscando multidões porque
não são nada sozinhos
cuidado com o homem comum a mulher comum
cuidado com o amor deles, o amor deles é comum
busca o comum
mas há genialidade no ódio deles
há bastante genialidade no ódio deles para matar você
para matar qualquer um
não querendo a solidão
não entendendo a solidão
eles tentarão destruir tudo
que for diferente deles próprios
não sendo capaz de criar arte
eles não entenderão de arte
eles considerarão suas falhas como criadores
apenas como uma falha do mundo
não sendo capaz de amar completamente
eles acreditarão na incompletude do amor
e então eles odiarão você
e esse ódio será perfeito
como um diamante brilhante
como uma faca
como uma montanha
como um tigre
como cicuta