Elas preferem os cafajestes
(David Coimbra)
A gaúcha aquela quer casar com o Maníaco do Parque. O cara está preso, condenado a 250 anos de cadeia e, pô, é o Maníaco do Parque, afinal de contas. Estuprou nove mulheres. Matou sete. E mesmo assim consegue namorada! Mais até: ela o chama de Chico.
— Eu sou a mulher do Chico — admitiu, orgulhosa, depois de ter pedido para fazer visita íntima ao Maníaco.
Visita íntima! Chico!
Claro, isso pode ser visto como uma boa notícia: se o Maníaco, que é o Maníaco, arranja mulher, imagina você, que é ajeitadinho e nem matou ninguém.
Mas não se trata disso. O fato é o seguinte: as mulheres preferem os cafajestes. E o Maníaco, puxa, existe grande probabilidade de ele ser encarado como cafajeste.
O cafajeste desperta na mulher dois instintos básicos: o maternal e o da concorrência com as outras mulheres. O maternal porque, para ela, o cafajeste é um moleque arteiro à espera da disciplina corretiva. O da concorrência porque o cafajeste, em tese, tem muitas mulheres. Logo, se uma delas o conquista, supera todas as outras.
Caso o homem não seja cafajeste, caso seja, digamos, um certinho, a mulher o olha com desprezo. Reclama:— Ele está me sufocando!
Esse é o meu problema, confesso. As mulheres se aproximam de mim achando que sou cafajeste. Depois que passam um tempo comigo, percebem que não, que sou um sujeito decente, que lhes dou atenção, que repudio a traição. Então se decepcionam. Tento parecer cafajeste sempre, mas a correção, a dignidade, até mesmo a pureza que estão impregnadas em minh'alma, isso tudo é mais forte, acaba se manifestando. As mulheres, então, balançam a cabeça:
— Tsc tsc, e eu que achei que ele fosse canalha de verdade.
Triste.
Mas assim é o mundo, aprenda: se você quer de fato conquistar uma mulher, asfixie a integridade que existe em você. Por mais difícil e repugnante que pareça, disfarce: tente parecer um canalha. É duro, sei, mas vale a pena. Talvez você um dia chegue a ser tão atraente para elas quanto o Maníac