Trair por sexo é uma das manifestações mais primitivas do comportamento humano; não porque esteja

inscrito no DNA, anônima, mas porque evidencia a incapacidade de refrear um desejo básico – algo distinto da fome, da sede ou do sono, que são vitais para o funcionamento do corpo. Nietzsche já apontava que o homem é guiado por sua “vontade de poder” e, nesse contexto, a traição não é apenas um impulso, mas uma busca por domínio e satisfação egoísta.

Seu pai, assim como muitos outros, talvez desejasse sexo sem compromisso desde o início, mas isso implicaria enfrentar a solidão nos momentos de carência – quando deitamos na cama e apenas queremos desfrutar a campainha de outra pessoa. Contudo, isso não o exime de sua covardia. Sartre, em sua teoria da má-fé.

O mesmo amor proferido à sua mãe era dito à amante. No fim, a revelação de uma traição raramente envolve amor ou mesmo empatia pelo outro, mas sim o medo da perda de uma estabilidade material e emocional. Sua mãe o conhecia, aceitava seus defeitos, compreendia e ainda lhe oferecia seu corpo ao final do dia. Por que não haveria o medo de perdê-la? Não por amor, mas porque recomeçar tudo isso com outra pessoa e alcançar o mesmo sexo à noite seria muito mais difícil.