Realmente, isso é uma tremenda hipocrisia. Fazer sexo não diz nada sobre o valor ou

caráter de uma pessoa. Se o ato é consensual e responsável entre os envolvidos, não há motivo para julgamento algum.

O problema é que vivemos em uma sociedade machista. Por mais que alguns tentem minimizar, a forma como a vida sexual da mulher é vista escancara o machismo estrutural presente em nossa cultura. A sociedade tende a tratar as mulheres como objetos, comparando-as a coisas para justificar julgamentos morais relacionados ao sexo. Por exemplo, se uma mulher transar com cinco pessoas numa noite, logo a chamam de “rodada”, “usada”, “marmita” e outros termos pejorativos. Mulher não é um carro para medir quilometragem e dizer que está “rodada”. Não é um objeto para ser chamada de “usada”. Nem é comida para ser chamada de “marmita”.

Vou além: aqui neste site, vejo com frequência homens imaturos dizendo que só aceitam mulheres com “lacre de fábrica”. Isso é um absurdo total, objetificando as mulheres de forma direta. Outros ainda comparam a mulher a um “cadeado” ou “fechadura”, afirmando que, se ela “abre” facilmente, não tem valor. Mais uma vez, tratando mulheres como objetos. Essa mentalidade é extremamente irresponsável e só piora esse problema social. É triste também ver que muitas garotas acabam comprando esse discurso, sem perceber o mal e a pressão que estão impondo a si mesmas.

No fim das contas, quem quer transar com cinco pessoas numa noite (de forma responsável), que o faça. Quem não quer, não precisa. O que não é aceitável é julgar e atribuir valores morais às escolhas de cada um sobre como explorar a própria sexualidade.