Na literatura, vejamos, damas primeiro. Mulheres filhas da puta, Annie Wilkes em Misery, do Stephen King, Mitsuko em Voragem do Junichiro Tanizaki.
Gosto muito do Diabo do John Milton em Paraíso Perdido e do Diabo em Divina Comédia. E por falar no tinhoso, mais diabólico ainda é o Juiz Holden em Meridiano de Sangue. Nunca vi personagem tão intrigante: filosófico, manipulador e inteligente, e ao mesmo tempo cruel e brutal, deuzulivre, é um dos personagens mais emblemáticos da literatura.
"O que une os homens, ele disse, não é a partilha do pão mas a partilha de inimigos"
Não faz diferença o que o homem pensa da guerra, disse o juiz. A guerra continua firme. Dá no mesmo perguntar aos homens o que eles acham da pedra. A guerra sempre esteve aqui. Antes que o homem existisse, a guerra esperava por ele. É a profissão definitiva à espera do profissional definitivo. É assim que foi e será. Dessa maneira e de nenhuma outra.
Essa é a natureza da guerra, cuja aposta é ao mesmo tempo o jogo e a autoridade e a justificação. Vista dessa forma, a guerra é a forma mais legítima de divinação. Significa por à prova a vontade de um individuo e a vontade de outro no contexto dessa vontade mais ampla que, ao ligar as deles, é por conseguinte forçada a selecionar. A guerra é o jogo supremo porque a guerra é em última instância um forçar da unidade da existência. A guerra é Deus.
Brown examinou o juiz.
Você ficou louco, Holden?
Enlouqueceu de vez?