Gosto desse:
O Pedro encaixava-se perfeitamente naquele esteriótipo de rapaz magricelas e borbulhento. Nos jogos de futebol era sempre o último a ser escolhido e enviado imediatamente para a baliza. Por mais que tentasse não se conseguia misturar entre os seus pares. Nesse dia o Pedro chegou a casa sentindo-se um monstro. Pegou no seu primeiro cigarro e colocou-o na boca, olhou para o espelho. De repente teve vontade de rasgar a face e escolher uma “normal”. Como se sentia idiota e parvo. Olhou para o telemóvel: Zero mensagens, no mail: Zero. Ninguém queria saber dele, ninguém se lembrava sequer da sua existência. Atirou-se para cima da cama, e olhou para o “Admirável Mundo Novo” de Huxley que andava a ler. Lembrou-se da frase que tinha lido na véspera “as pessoas diferentes estão condenadas à solidão”. Sim, ele era diferente, anormal. Uma dor insuportável começou a crescer dentro do seu peito e era tão agonizante que quase o sufocava. A única coisa de positivo que tinha na sua vida eram as notas escolares. Mas de que serviam elas quando se está sozinho no mundo? Como gostava de ter um amigo, um , não pedia mais... Percorreu a lista telefónica do telemóvel. Nenhum nome para quem pudesse ligar. E a dor ia crescendo.... teve que se levantar e andar de um lado para outro, parecia que ia rebentar, o corpo começou a tremer... “dói tanto, eu já não suporto mais viver, não consigo...”. Rompeu num pranto e enfiou-se debaixo da cama enrolado num cobertor. Sentiu frio, muito frio... e silêncio. Não estava ninguém em casa. O pai voltou para o escritório depois de o deixar em casa. Tentou falar-lhe mas o pai durante todo o caminho veio a falar ao telemóvel com clientes. Depois foi tudo muito rápido, em menos de um minuto foi a correr buscar todos os antidepressivos e calmantes da mãe e tomou-os, não sem antes deixar um bilhete:“Pais amo-vos do fundo do coração. Desculpem. Pedro.”