A entrevista que eu já vi e não me canso de rever, e da Clarice Lispector. Ela parecia ser exatamente como os seus livros: transmitia uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos quase diabólicos. Eu sinto que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém que estava absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente ( hoje em dia) deve achá-la antipaticíssima mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa.
Entrevistador extremamente profissional. Ele pergunta e a gente ouve a resposta da entrevistada. Ele não contesta as respostas dela; ele não insiste quando ela prefere não responder; ele não faz nenhuma macacada que chame a atenção para ele; ele não ofusca a entrevistada.
(Essa parte da entrevista no minuto 27:40)
"Bom, agora eu morri. Vamos ver se eu renasço de novo, por enquanto eu estou morta." A melancolia desta entrevista é contagiante ao ponto de sentirmos a tristeza da Clarice.