Lembrei da Antonia Fontenelle falando de "paraíba fazendo paraibada".
Infelizmente o preconceito contra os nordestinos vai continuar existindo, só que de forma bem mais sutil e por isso mesmo mais forte. E ainda tem gente dizendo que "ah, mas vocês também falam mal de sulista/paulista". Meu amigo, isso não chega nem perto do que a gente vivencia. Tem todo um estigma social. No período das eleições eu ouvi, vi e li cada barbaridade. Teve uma certa usuária aqui que falou sobre a vagina das nordestinas e mesmo tenho sido zoeira, tem gente que pensa isso de forma "séria" e não externaliza, ou o faz de forma super-agressiva no anonimato.
Mas em relação a essa propaganda, é preciso considerar que nem todo mundo naquela época tinha informação sobre sociologia para problematizar esse tipo de fala. É a mesma coisa com certos autores que, hoje em dia são considerados retrógrados e ultrapassados, mas que é preciso relevar o contexto em que ele se inseria. Algumas coisas eram tratadas com normalidade, por exemplo, a escravidão.
Claro que a mentalidade das pessoas é algo que demora para mudar, e exige muito empenho no âmbito da família e da educação para mudar esses padrões, então, me conformo que isso ocorrerá de maneira lenta e que alguns ainda irão ter esse mesmo pensamento, alguns por ignorância, mas sobretudo por má-fé. Há quem pense que só nazista é eugenista, mas essa ideia de inferioridade de raças está bem representada nesse preconceito interno.
Não acho que seja lacração, mas não tem como levar a sério a forma como alguns "militantes" trabalham essa temática. Eu também detesto lacração por coisas "pequenas" ou explicações muito politicamente corretas, porém, é preciso entender até onde vai nossa liberdade de pensar e perpetuar esse tipo de ideia.