Sim, ela era uma mulher deprimida, solitária, com baixa autoestima. Me apaixonei em poucos contatos porque era erudita. Talvez o refúgio morava na literatura, refugio da vida sem amigos e do tédio com o entretenimento contemporâneo. Servi como um ombro amigo por alguns meses, escutava e dava conselhos, não que eu soubesse o que estava fazendo, apenas falava o que parecia ser razoável. Acredito que ela melhorou porque talvez só precisava compartilhar não a extensão da dor emocional, mas o que motivava a existência dela, as circunstâncias. Ela tinha vergonha, julgava que eram motivos banais. Não eram. Contou que foi negligenciada na infancia, motivo de uma batalha judicial que envolvia os pais e a guarda, com os sentimentos da pobre coitada postos em segundo plano naquela briga de egos. Não se tratava, de fato, de quem ficaria com a guarda, mas de quem sairia vitorioso numa separação motivada por sabe lá o quê, nunca me disse. Me abandonou. Não disse adeus, não me respondeu mais. Também parou de frequentar o local onde era comum nosso encontro. Não tenho mágoa, só queria saber como ela está hoje.
Minha última paixão foi por alguém que julguei ser mito estranho e aí me apaixonei pela a estranheza, pessoas estranhas são as mais interessantes pelo menos é o que acha agora