Mas o povo brasileiro é assim. Do velho ao jovem, da mulher ao homem, do esquerdista ao direitista, do burro até o escritor. Uma análise nos principais romances brasileiros nos revela que não há no mundo uma literatura mais rica em personagens fúteis, toscos, patéticos, desprovidos de profundidade. É um mundo repleto de personagens atormentados, na mais nobre das hipóteses, pela pobreza em dinheiro, pela libido insatisfeita, pelos chifres que tomou (ou não) ou por alguma dor intestinal.
A literatura brasileira é ao mesmo tempo um retrato e sintoma: se nossa ficção é assim, não é SÓ porque a sociedade é assim, mas porque assim são nossos escritores. A única diferença entre um autor de romance brasileiro para o mais vil homem sem propósito e erudição é que aquele tem algum dom de observação crítica para descrever a mediocridade geral que esta sociedade brasileira goza, mas não para superá-la.