eles respondem
Canção do exílio, Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Sim, escrevo tbm.
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.
À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.
E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,
Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.
~ Augusto dos Anjos
O único poema que eu admiro é o do cavador do infinito, isso que não sou muito fã de poemas:
"Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.
Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.
E quanto mais pelo Infinito cava
mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...
Alto levanta a lâmpada do Sonho.
E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!"
Skylab:
Eu chupo meu pau.
Eu chupo seu pau?
Não, eu chupo meu pau.
O pau é seu?
Não, o pau é meu.
Se fosse fácil chupar o próprio pau
Cada um chupava o seu.
Eu chupo o meu pau.
Eu chupo o seu pau?
Não, eu chupo o meu pau.
O pau é seu?
Não, o pau é meu !!!!!
Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que aprouve ao dia findar,
aceito a noite.
E com ela aceito que brote
uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados.
Vazio de quanto amávamos,
mais vasto é o céu. Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?
E nem destaco minha pele
da confluente escuridão.
Um fim unânime concentra-se
e pousa no ar. Hesitando.
E aquele agressivo espírito
que o dia carreia consigo,
já não oprime. Assim a paz,
destroçada.
Vai durar mil anos, ou
extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
No mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo, és suave.
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma
Gosto de Neruda. Preguiça de compartilhar agora kkkk
Não sei se é fato ou se é fita,
Não sei se é fita ou se é fato,
O fato é que ela me fita,
Me fita mesmo de fato.
Traça as minhas cicatrizes com teus dedos
Para entrelaçar os nossos caminhos
Abra as feridas que nunca fecham
Até as suas tramas, o destino formar
O Sol te afasta dos meus sonhos
Amargando o meu doce dia
Me enrolar nos teus cachos negros
E nadar no lilás desse teu olhar
Pegadas de lobo na neve me guiam
Levando-me até o teu coração imóvel
Fúria e tristeza cristalizadas
Deixam os teus doces lábios a flamejar
Não sei se tu és o meu destino
Ou se ao acaso o amor nos uniu
Quando dei voz ao meu desejo
Vieste a mim sem assim desejares tu?
Rosas são vermelhas
Violetas azuis meu catuca forte
Nós horizontes do seu cu
Batatinha quando nasce esparrama pelo chão
sai daqui voado se não vou te dar um tapão
Papacu
No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira.
Quando cai a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem.
Quanto cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce.
Quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar de novo
O sol que no cume ardia!
Eu sou o azrael
Acham que eu sou cruel
Apesar da tentação do poder
Eu só gosto de ver a vida indo sem o véu
Me chamo Samael
Eu cheguei próximo ao céu
Não para conhecer o criador
Mas para apreciar a primeira dor do ser humano ao experimentar o gosto amargo do fel
Eu subirei aos céus
E com toda a beleza da minha glória
Serei maior que deus.
Eles me rejeitaram e você as costas para mim virou
Minha cabeça dói mas eu não sinto rancor
Como forma de amor o meu espírito á ti eu dou.
Na minha terra tem palmeiras
Gostar eu gosto, afinal tudo é poesia
As linhas emaranhadas vão compondo minha fantasia
E contento-me por não ser o único amante
Eis o que eu sou - ou o que somos: o poeta delirante
E na vida é assim: alguns odeiam, já outros, aturam
E há aqueles que as estrofes até os curam
Noutra pergunta falaste de amor
Ora, é possível escrever sem este ardor?
Sou repetitivo, mas digo sempre que componho com o coração
As mãos apenas materializam e transcrevem a emoção
Grande virtude me parece utilizar de sublime linguagem
Para expor o que reside oculto na gente
Através das palavras e das rimas compor a miragem
Pavimentando os caminhos, dando formas aos sonhos,
para seguirmos em frente
Eu, longe de algo saber, apenas ouso e deliro
Tocar os corações alheios com os versos, eu aspiro
Se uma só alma consigo adentrar em seu coração e mente
Meu objetivo fora cumprido, me expressar através de tal lente
E como costumo dizer: escrever é um ato de bravura
Na dúvida em como utilizar o dicionário, prefira a ternura!
Quando eu era jovem, eu pensava que com a arte seria possível mudar o mundo.
Eu buscava constantemente um espetáculo que pudesse despertar no coração do público uma esperança.
Eu queria mostrar uma maneira diferente de viver, com mais amizade, criatividade, sem a obrigação de perseguir o dinheiro e o poder. Ilusão fútil que eu nunca consegui alcançar. Não só a revolução não chegou, como as pessoas se tornaram cada vez mais loucas e materialistas.
Quando eu me dei conta disto eu vivi momentos difíceis pensando, pensando inclusive que minha vida era um fracasso e que todo esforço era inútil.
Mas um dia eu tive uma revelação: se não se pode mudar o mundo, pelo menos é possível mudar a si mesmo, encontrar algo em seu coração, um desejo, uma necessidade e entregar-se totalmente a ele, sem olhar para trás. Isso não é para a sociedade ou para os outros, não, é para você mesmo.
E eu fazendo esse palhaço que eu sou, eu encontrei essa coisa. Provocar, burlar e fazer o público rir. Isso era tudo o que eu buscava em minha vida. Por certo eu não mudava o mundo, mas os palhaços nunca mudaram o mundo, passam o tempo tentando sem nunca conseguir, por isso são palhaços.
Os palhaços gostam do fracasso e das ações ineficazes, são perdedores alegres e isto é a verdadeira força que têm, nunca se cansam de perder. Desfrutam de cada fracasso e voltam em seguida a fracassar de novo, diluindo assim as certezas das pessoas sérias e que nunca duvidam.
Então, esse sangue que pareço ter na minha cabeça, esse sangue que tenho sobre a minha camisa, esse sangue que tenho no meu coração, esse sangue que está todo em mim é tão patético e inútil em seu simbolismo porque é sangue de um palhaço. Um sangue que não vem de uma grande luta ou em nome de uma causa heróica. É sangue de brincadeira, ao mesmo tempo verdadeiro e pouco importante.
Quando eu vou cagar eu fico em meditação profunda
A merda bate na água e a água bate na bunda.
As aves perdem as penas, os peixes perdem as escamas
Da fulana eu tiro a roupa e levo pra minha cama.
No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira
Quando vem a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem
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Quando cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce
Então, quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar de novo
O Sol que no cume ardia
No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira
Quando vem a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem
Quando cai a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce
Então, quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar de novo
O Sol que no cume ardia
Pois torna a brilhar de novo
O Sol que no cume ardia
Pois torna a brilhar de novo
O Sol que no cume ardia
elas respondem
Palavra - Sylvia Plath
Golpes,
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.
A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro
Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto
Do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.
Um do Fernando Pessoa que fala sobre máscaras sociais, mas não achei na Internet.
Luís Vaz de Camões, 1598
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
Soneto de Fidelidade, arrasou!
Meu favorito é esse:
Ouvir Estrelas - Olavo Bilac
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas.
Não chores meu filho,
Não chores que a vida,
É luta renhida,
Viver é lutar!
A vida é combate
Que aos fracos abate
Que aos bravos, aos fortes
Só pode exaltar.
Entre superposições, olhar intrigado,
A caixa guarda o segredo preservado.
A dualidade persiste, como um véu,
Na fronteira do mistério, o gato é fiel.
Na caixa escura, mistério a pulsar,
O miau de Schrodinger, a dançar.
Vivo e morto, no universo a brilhar,
No quantum, seu destino a flutuar.
No emaranhado da vida, pelo fio,
O gato vagueia, em destino vadio.
Partículas dançam, entrelaçam-se com ardor,
No palco quântico, encenam seu labor.
Esse foi meio óbvio e sem graça, mas admito que posso estar sendo crítica em demasia com a IA.
Deixa eu fala, pro "cê"
Tudo, tudo, tudo vai, tudo é fase irmão
Logo mais "vamo" arrebentar no mundão
De cordão de elite, 18 quilates
Põe no pulso, logo breitling
Que tal, tá bom?
De lupa bausch & lomb, bombeta branca e vinho
Champanhe para o ar, que é pra abrir nossos caminhos
Pobre é o diabo, e eu odeio a ostentação
Pode rir, rir, mas não desacredita não
É só questão de tempo, o fim do sofrimento
Um brinde pros guerreiros, Zé povinho eu lamento
Vermes que só faz peso na terra
Tira o "zóio"
Tira o "zóio", vê se me erra
Eu durmo pronto pra guerra
E eu não era assim, eu tenho ódio
E sei que é mau pra mim
Fazer o que se é assim
Vida "loka" cabulosa
O cheiro é de pólvora
E eu prefiro rosas
“Lá vem ela com seus cabelos soltos ao vento, menina mulher, livre, terna, dona de seus pensamentos. Lá vem ela, com ar de menina moça, tão bela, linda e formosa. Lá vem ela com seus laços de fita, tão serena, doce e bonita. Lá vem ela… Quem é ela? Onde mora? Onde habita? Ela, vou te contar um segredo, mas não espalha tá? Seu nome é….” Essa é uma parte de um poema mais especial de todos, meu pai fez pra mim, antes de morrer. Mtas Saudades!!
Vou compartilhar um que escrevi há algum tempo pra uma pessoinha mto especial:
A Musa do meu coração
Há muito ocupou todo o espaço, ela é minha inspiração, simplesmente linda em todos os seus traços.
Ela tem cabelinho ralo, sorrisinho banguela e mãos graciosas,
É a mais bela criação de Deus, a mais perfeita, a mais formosa.
Seu rostinho lindo, sua alma livre, tudo nela me fascina, sua carinha de " quero colo", seu jeitinho sapeca, seus gritinhos de moleca.
Quão inútil seria explicar o inexplicável! Só sei que sem ela nada mais tem sentido, pois meu espírito há muito já se mostra cativo
Ah! A musa do meu coração!
Quem é ela, onde mora, onde vive? Ela... Vou te contar um segredo, mas não espalhe por aí, seu nome é...
Mamãe querida e adorada
Mamãe querida, meu coração por ti bate
Como pano de engraxate
Pássaro Azul
há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo, fique aí, não deixarei
que ninguém o veja.
há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas eu despejo uísque sobre ele e inalo
fumaça de cigarro
e as putas e os atendentes dos bares
e das mercearias
nunca saberão que
ele está
lá dentro.
há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou duro demais com ele,
eu digo,
fique aí, quer acabar
comigo?
quer foder com minha
escrita?
quer arruinar a venda dos meus livros na
Europa?
há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou bastante esperto, deixo que ele saia
somente em algumas noites
quando todos estão dormindo.
eu digo, sei que você está aí,
então não fique
triste.
depois o coloco de volta em seu lugar,
mas ele ainda canta um pouquinho
lá dentro, não deixo que morra
completamente
e nós dormimos juntos
assim
com nosso pacto secreto
e isto é bom o suficiente para
fazer um homem
chorar, mas eu não
choro, e
você?