Problema é achar que a vida se resume a condição financeira e material.
A vida é feita de desafios e estresses diferentes. Financeiro, emocional, realização pessoal, relacionamento, saúde, espiritual.
Japão (na real o oriental, Coréia do Sul tem ainda mais suicídio que Japão, na média) tem uma coisa bizarra com a questão da honra. Tudo é motivo de vergonha. Demissão, reprovação na escola, não entrar numa faculdade, não arrumar esposa, casa própria. E japonês tem a cultura do silêncio (veja qualquer video de busão ou metrô, não se escuta um ai), não costumam pedir ajuda ou reclamar da vida. É uma cartada final, até mesmo exaltada, o seppuku dos samurais, os pilotos kamikaze na Segunda Guerra, glorificam o suicídio em nome da honra/pátria. Ao contrário do Ocidente, onde graças ao cristianismo, suícidio é visto como pecado, lá era visto como um ato de bravura e de responsabilidade pelas suas cagadas.
Vi uns estudos que os serviços de atendimento, o CVV deles, disparou nas crises financeiras (anos 90, 2008). Lá geralmente seguro de vida cobre suicídio, então gente em situação de perrengue encara isso como uma forma de resolver as dívidas e ajudar a família.
Aliado a uma carga de trabalho brutal, que resulta em muito isolamento, cansaço e solidão. Existiu até um termo dos anos 60, no perrengue do pós-guerra para recuperar o pais: Karoshi, ou morte por excesso de trabalho. Altas taxas de infarto, derrame e suicídio. O governo chegou até a discutir há uns 3 anos adotar jornada semanal de 4 dias de trabalho, pra buscar um maior equilíbrio do trabalho com a vida.
https://www.tecmundo.com.br/mercado/232012-panasonic-adota-semana-4-dias-trabalho-japao.htm
O campo da psicologia e psiquiatria por lá é escasso demais, poucos profissionais e clínicas. Recentemente que o governo começou a fazer campanhas e o assunto virou pauta no debate público.
E como desgraça pouca é bobagem ainda há a epidemia cibernética: apps, jogos, pornô. Daí o Hikkimori( isolamento grave).