Cidade de Deus. Bizarro como tudo deu certo mesmo dando errado. Tinha pouco orçamento para figurantes? Chama moradores da favela mesmo. Colocaram um fotógrafo que trabalhara basicamente com documentários para diretor de fotografia (Cesar Charlone), e um editor que só havia trampado em campanhas publicitárias (Daniel Rezende), e o filme concorreu ao Oscar nessas duas categorias (de um total de quatro). A necessidade é a mãe da criatividade.
O realismo do filme pega muito pela realidade do elenco. A cena que o Buscapé fala pra Marina que nunca tomou banho de água quente foi semi-improvisada. Eram os atores conversando na pausa da gravação e o Meirelles ouviu o papo e pediu pra falarem isso na cena deles no quarto.
O Leandro Firmino nem ator era, foi no teste acompanhar um amigo e saiu escalado pra ser o Dadinho, maior vilão do cinema nacional.
Já falaram vários, mas vou deixar um outro aqui que também é muito bom. Central do Brasil.
A carta da Dora é linda, eu tinha até uma publicação no Instagram com essa carta na íntegra.
"Josué,
Faz muito tempo que eu não mando uma carta pra alguém. Agora eu to mandando essa carta pra você.
Você tem razão. Seu pai ainda vai aparecer e, com certeza, ele é tudo aquilo que você diz que ele é. Eu lembro do meu pai me levando na locomotiva que ele dirigia. Ele deixou eu, uma menininha, dar o apito do trem a viagem inteira. Quando você estiver cruzando as estradas no seu caminhão enorme, espero que você lembre que fui eu a primeira pessoa a te fazer botar a mão no volante. Também vai ser melhor pra você ficar aí com seus irmãos. você merece muito muito mais do que eu tenho pra te dar. No dia que você quiser lembrar de mim, dá uma olhada no retratinho que a gente tirou junto. Eu digo isso porque tenho medo que um dia você também me esqueça.
Tenho saudade do meu pai, tenho saudade de tudo.
Dora"