Imagina ser um brasuca médio, que maravilha. Ir dormir hoje, cansado, para acordar amanhã cedinho, 5h da manhã. Feliz, claro, porque é quinta-feira e só falta, na melhor das hipóteses, a sexta para cumprir a cota da semana. Na cabeça oca não passa nenhuma reflexão sobre a vida, sobre o país onde mora, sobre a situação econômica deste ou daquele ou sobre a existência ou não-existência do Deus do A, do B ou do C.
É uma mera ação automática de viver no presente fazendo o que deve ser feito para atingir um objetivo curto: ir para o trabalho. Toda a sujeira que encontra no transporte público lotado é suportada porque já tem uns 5 anos que se acostumou. Na verdade, esse é o lema: sempre foi assim, por que mudar? Chega no trabalho, cumprimenta o patrão, usa muitos pronomes de tratamento. Na hora do almoço repete alguma fala do Presidente, comenta algum jargão do time para qual torce ou reclama da vida de maneira não tão profunda, mas de um jeito que mostre que existe um problema suportável.
Essa vidinha medíocre é a essência da felicidade. Ele não chega numa quarta-feira que faria você ver o mundo vermelho e começa a produzir teorias sobre a vida numa busca incansável por respostas - que nunca terá - sobre temas que ninguém se importa realmente ou quem se importou já produziu respostas.