Depressão. Não entra na minha cabeça um transtorno que simplesmente pode fazer o enfermo se matar. Fora os outros diversos efeitos como perda da noção da realidade, desejo de autodestruição (destruição lenta e gradual do próprio corpo e mente por meio de drogas, prostituição etc.), perda da produtividade e energia...
O deprimido busca, quase sempre, destruir, nunca construir. Quer destruir a família, quer destruir a religião, quer destruir a sociedade comum, quer destruir qualquer coisa que se pode classificar como "culpado" da depressão. É um transtorno perverso, injusto, que transforma homens e mulheres em verdadeiros sabotadores da própria raça humana.
Se existe um diabo, certamente a depressão é o maior trunfo dele.
Acontece uma fragmentação da noção do eu, a realidade é tão opressora e angustiante que a mente se reorganiza em uma nova visão da realidade e depois que isso acontece é raríssimo o doente voltar a ser funcional dentro da sociedade.
Tem um livro interessantíssimo chamado "Nunca lhe prometi um jardim de rosas" - Hannah Green, é escrito por uma esquizofrênica que conseguiu se recuperar e ficar estável. O primeiro capítulo é muito excêntrico, ela tenta explicar o universo de entidades que a psique dela criou.
É muito triste, depois que essa porta se abre na psiquê do doente, nunca mais se fecha. O que é possível fazer é um diálogo com a realidade e tentar fazer com que ele consiga discernir o que a mente dele criou e o que é real de fato.
Trabalhos como os da Nise da Silveira e do Carl Jung, descrevem aspectos interessantíssimos sobre a estrutura da psique nesse estado de fragmentação do eu. Existe um certo padrão de como se comportam as mentes dos seres humanos em geral, que remontam de séculos atrás vistos em manifestações artísticas e culturais de civilizações muito antigas, de maneira superficial e resumida eles chamam de "Inconsciente Coletivo".
Para mim é a esquizofrenia.
A pessoa passar a viver fora da realidade, a mente cria um universo paralelo e a escraviza.
Os outros transtornos ainda deixam um resquício de realidade mas a esquizofrenia não.
Esquizofrenia...
Imagina o que é achar que aconteceu X, acreditar muito... E não aconteceu.
Ou até conviver com alguém que manipula no ponto de tu achares que fizeste Y (já sem esquizofrenia a pessoa vacila) e tu como sabes que sofres disso, acreditas na pessoa porque é possível que tenha ocorrido.
Viver coisas, normais, mas que são mentira...
Já não saber o que é real ou não, e estar em perigo por achar que acontecimento W não é real.