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elas respondem
Um dos últimos que li completos, foi um daquela coleção de romance, A seleção.
anônima
14/10/2024 00h08
Dom casmurro e faz bastante tempo. Tô querendo ler a bíblia, mas eu tô procrastinando
eles respondem
O último livro que li foi "Dom Casmurro", pela quinta vez, e, cara, é uma leitura que nunca cansa. Cada vez que volto a ele, acabo enxergando novos detalhes, nuances que não tinha captado antes.
A história, narrada pelo próprio Bentinho, começa com ele contando sobre sua infância, a promessa de sua mãe, Dona Glória, de colocá-lo no seminário, e sua relação com Capitu, sua vizinha de olhos de ressaca. O que sempre me prende é o jeito como Machado de Assis trabalha a dúvida na mente de Bentinho — será que Capitu realmente o traiu com Escobar, ou tudo é fruto da paranoia e ciúmes dele?
Dessa vez, o que me marcou foi como Bentinho, já adulto e amargo, faz questão de reconstruir a história à sua maneira, querendo justificar seu isolamento e o apelido de “Dom Casmurro” que ele recebe de seus amigos. Ele parece se agarrar à sua versão dos fatos, mas o tom de incerteza está sempre lá. E é essa incerteza que faz o livro ser tão genial, sabe? Você nunca tem certeza absoluta de quem está falando a verdade.
Machado deixa tudo no ar — as cenas onde ele descreve os olhares de Capitu para Escobar, o jeito quase teatral como Bentinho interpreta as situações — tudo é narrado com uma ambiguidade que te faz questionar a realidade dos fatos o tempo todo. E aquela descrição dos olhos de Capitu como "obscuros, dissimulados e cheios de mistério" me pega toda vez.
A relação entre eles, que começa tão inocente, vai sendo corroída por algo que pode ser tanto real quanto fruto da mente atormentada de Bentinho. Mesmo na quinta leitura, ainda me peguei tentando interpretar aquelas pequenas cenas, os silêncios, os olhares trocados... e a pergunta inevitável: Capitu traiu ou não?
No final, a grande jogada do Machado é essa, deixar você preso na dúvida, assim como Bentinho ficou.
A história, narrada pelo próprio Bentinho, começa com ele contando sobre sua infância, a promessa de sua mãe, Dona Glória, de colocá-lo no seminário, e sua relação com Capitu, sua vizinha de olhos de ressaca. O que sempre me prende é o jeito como Machado de Assis trabalha a dúvida na mente de Bentinho — será que Capitu realmente o traiu com Escobar, ou tudo é fruto da paranoia e ciúmes dele?
Dessa vez, o que me marcou foi como Bentinho, já adulto e amargo, faz questão de reconstruir a história à sua maneira, querendo justificar seu isolamento e o apelido de “Dom Casmurro” que ele recebe de seus amigos. Ele parece se agarrar à sua versão dos fatos, mas o tom de incerteza está sempre lá. E é essa incerteza que faz o livro ser tão genial, sabe? Você nunca tem certeza absoluta de quem está falando a verdade.
Machado deixa tudo no ar — as cenas onde ele descreve os olhares de Capitu para Escobar, o jeito quase teatral como Bentinho interpreta as situações — tudo é narrado com uma ambiguidade que te faz questionar a realidade dos fatos o tempo todo. E aquela descrição dos olhos de Capitu como "obscuros, dissimulados e cheios de mistério" me pega toda vez.
A relação entre eles, que começa tão inocente, vai sendo corroída por algo que pode ser tanto real quanto fruto da mente atormentada de Bentinho. Mesmo na quinta leitura, ainda me peguei tentando interpretar aquelas pequenas cenas, os silêncios, os olhares trocados... e a pergunta inevitável: Capitu traiu ou não?
No final, a grande jogada do Machado é essa, deixar você preso na dúvida, assim como Bentinho ficou.
Estou terminando "as duas torres"
J.R.R. Tolkien
J.R.R. Tolkien
