Achei sua pergunta tão honesta e bem feita. Revela pontos essenciais das minhas angústias, eu concordo muito com seus medos.
Ter uma "continuidade genética", deveria ser não só sobre você. O cônjuge, o casal, essa união fala muito sobre essa nova criança no mundo. De onde deriva ou qual é a estirpe dessas duas famílias que resolvem se unir e criar um novo ser humaninho no mundo? Note que eu usei o plural de dois conjuntos de pessoas. Uma nova criança no mundo, não deveria ser uma responsabilidade só de mãe ou de pai, mães ou pais, mas envolver duas familias inteiras em uma boa criação, uma rede de apoio complexa de relações humanas.
"É preciso de uma aldeia inteira para se criar uma criança." Dizem em alguma das culturas indígenas.
Mulher, eu vejo muita criança abandonada, sem apoio, a míngua, sem boas referências. Ao meu ver, o casal deveria ter algo muito especial e rico para oferecer a uma nova criança no mundo. Com isso, não digo sobre riquezas materiais, mas sobre uma direção a um "novo humanismo", uma ética, empatia e senso de alteridade, comunidade e de cooperação. Em resumo, chamam disso de amor, e que necessita da conexão dos progenitores por um bem ainda maior do que eles mesmos
Eu me lembrei agora do "Elogio a Loucura" de Erasmo de Rotterdam, é preciso de fato estar muito louco em tomar essa decisão de maneira racional. Se você colocar todos os pingos nos i"s e pensar de maneira fria, não teríamos população na terra. É preciso ser louco, ou pelo menos embarcar na loucura para conceber uma criança.
A vida é sobre essa loucura e sempre será um risco. Tenho os mesmos sonhos, mesmo lidando e vendo crianças pequenas as vezes perdidas, tomando caminhos errados sem apoio familiar. Confesso que nunca achei que teria vontade de ter filhos, mas conhecer uma mulher me fez criar dentro de mim essa ideia. Com ela, confio em viver a loucura e correr os riscos, para mim não é sobre EU ter um filho, é sobre ser pai do filho dela.
Se vocês pensam assim estão prontos