Ambas as atividades são necessárias e importantes mas só um lado tende a fugir de responsabilidades, enquanto faz-se de "vítima ofendida".
Minha mãe adorava ganhar presentes domésticos do meu pai, mesmo ela passando a maior parte do tempo trabalhando fora. Tudo que fosse para facilitar e deixar o dia-dia mais prático, confortável, era bem vindo. Meu pai era importador e sempre trazia novidades para ela, quando voltava das viagens.
Historicamente, as mulheres foram subjugadas e durante muito tempo consideradas inferiores aos homens, supostamente carentes de capacidade intelectual para competir em igualdade. Isso resultou em uma dinâmica em que as mulheres eram relegadas ao papel de cuidar do lar, enquanto os homens, presumivelmente mais habilidosos e inteligentes, buscavam sustento fora de casa. Esse arranjo não era uma escolha para as mulheres, mas sim uma imposição social.Embora tenham ocorrido mudanças ao longo do tempo, ainda persistem preconceitos em relação à capacidade intelectual das mulheres. Estatísticas revelam que, mesmo com desempenho igual ao dos homens, as mulheres enfrentam obstáculos na promoção profissional e muitas vezes recebem salários inferiores.
Portanto, quando uma mulher, historicamente relegada ao papel de serviço doméstico, recebe como presente um utensílio doméstico, isso reflete uma falta de sensibilidade por parte do doador e uma ausência de reflexão sobre as questões sociais subjacentes.
Uma analogia pode ser feita com a história dos Estados Unidos, onde os escravos eram frequentemente utilizados nas plantações de algodão. Durante movimentos sociais contemporâneos, algumas pessoas racistas ainda oferecem presentes relacionados ao algodão a pessoas de pele escura. Entretanto, há quem, sem compreender o contexto histórico, não compreenda as críticas associadas a esse gesto. O ponto central é entender o simbolismo histórico por trás do presente oferecido.