Bom, ela foi condenada. Ao menos qualitativamente, a justiça foi justa. Assim, a contenda final revolve a questão quantitativa, isto é, a dosimetria da pena e a progressão de regime.
Mas o que é ser "justo"?
Seria "justo" aplicar uma pena que sacie o sentimento de injustiça da usuária Vet do ElaEle?
Seria "justo" aplicar uma pena que sacie o ressentimento e o sofrimento passionais da família das vítimas?
Supõe que o sofrimento da família das vítimas seja tal que só possa ser amenizado com uma pena capital para a autora do crime, isto é, a morte. Mas não qualquer tipo de morte, uma morte decorrente da submissão a uma tortura lenta e progressiva.
O leitor pode ser levado a crer que isso, uma teoria penal baseada na lei de Talião (olho por olho, dente por dente), seja a justiça. Mas, ponderada essa teoria com mais cautela, emergem alguns questionamentos, o principal dos quais é a questão da imprevisibilidade civil e penal: se a punição para um dano civil ou penal for deixada a cargo da parte lesada (a vítima) decidir, então seria possível que uma pessoa emocionalmente fragilizada venha a perdoar o seu ofensor, enquanto outra, ressentida, queira condenar o seu ofensor à morte por tortura, ainda que o primeiro tenha estuprado a vítima e matado seus pais e, o segundo, tenha simplesmente lhe furtado algum objeto sem valor.
Repare que, no primeiro caso, a vítima está fragilizada e perdoa seu ofensor, logo, ele seria eximido de qualquer pena, ainda que para observadores externos (como a usuária Vet do ElaEle) não se tenha feito justiça. Estabelecer uma noção universal de justiça é um problema mais complicado do que aparenta na superfície.